Um papel de destaque na governança global

País defende reformas e assume maiores responsabilidades

Desde o início da crise financeira de 2008, a China tem sido reconhecida como um grande motor do crescimento econômico global. Sua contribuição à economia mundial permanece em 30%, cerca de duas vezes a dos Estados Unidos.

Na cúpula que celebrou o 60o aniversário da ONU, em setembro de 2015, o presidente Xi Jinping anunciou a criação de um fundo, com uma injeção inicial de US$ 2 bilhões, destinado a apoiar a cooperação Sul-Sul e assistir os países em desenvolvimento na implementação de sua agenda de desenvolvimento pós-2015, ajudando com isso a comunidade internacional a alcançar as metas definidas pela ONU na Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.

A China também planeja aumentar seu investimento em países menos desenvolvidos (PMDs) para US$ 12 bilhões por volta de 2030, e cancelou a dívida de significativos empréstimos intergovernamentais isentos de juros que ainda estavam pendentes ao final de 2015, contraídos pelos PMDs, por países em desenvolvimento sem saída para o mar ou localizados em pequenas ilhas.

A China vem propondo a criação de uma rede global de energia, usando uma massiva rede elétrica para partilhar fontes de energia renovável ao redor do mundo. No Seminário Internacional sobre a Iniciativa Cinturão e Rota realizado em Xi’an, em 27 de setembro, Wang Yimin, secretário-geral da Organização de Desenvolvimento e Cooperação para Interconexão da Energia Global (Geidco, na sigla em inglês), afirmou que a conexão de energia global proposta será feita usando uma rede inteligente, composta por uma rede de transmissão de voltagem ultra-alta e com energia limpa. Essa solução irá implementar a proposta apresentada por Xi Jinping na mencionada Cúpula da ONU de criar uma Internet de Energia Global (Global Energy Internet, ou GEI), a fim de atender à demanda global de energia com alternativas limpas e verdes.

A GEI é uma rede de energia cobrindo o globo inteiro e sua construção envolve numerosos componentes, como fontes de energia, redes elétricas, equipamentos, além de pesquisa e informação científica, formando assim uma longa cadeia industrial. A criação de uma GEI não só irá aprimorar a eficiência e garantir um suprimento de energia, como também irá expandir novos negócios de setores emergentes estratégicos, como os de novas energias, novos materiais, produção industrial inteligente e veículos elétricos. Irá estimular de modo substancial o crescimento econômico nacional, o ajuste estrutural e o aprimoramento da indústria.

Investimentos

Em março de 2016, a companhia chinesa State Grid assinou um Memorando de Entendimento com a Korea Electric Power, com a japonesa SoftBank e a russa OAO Rosseti, para estabelecer uma rede GEI no Nordeste Asiá-tico operada por uma equipe composta por trabalhadores da China, Mongólia, Coreia do Sul e Japão. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Sociais e Econômicos, Wu Hongbo, assinalou que a construção de uma GEI é de interesse comum destes países, pois irá fomentar a revolução de energia verde, promovendo o desenvolvimento pacífico e sustentável.

Construir uma GEI envolve três estágios: propiciar a interconexão de redes entre os países; implantar redes intracontinentais; e, finalmente, promover a interconexão transcontinental. A expectativa é que o projeto esteja concluído por volta de meados deste século. Até lá, espera-se que a energia renovável tenha chegado a mais de 80% do consumo global total. As emissões de carbono serão limitadas a 11,5 bilhões de toneladas (metade do nível de emissões em 1990), impedindo que o aumento da temperatura global supere os 2ºC. Um novo padrão de consumo de energia irá emergir, no qual a maior parte da eletricidade usada será gerada por fontes de energia limpa.

Propor bens públicos

A China criou o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), e outras instituições financeiras multilaterais, além de promover reformas de cotas e de governança no Fundo Monetário Internacional (FMI).

O AIIB, o Brics New Development Bank e a Iniciativa Cinturão e Rota originaram-se todos na China, mas seus benefícios estendem-se pelo mundo todo. O AIIB está estimulando a reforma do sistema financeiro internacional e remodelando a governança global no século XXI com o slogan: “Lean, clean and green” (simples, limpo e verde).

A Iniciativa Cinturão e Rota tem foco na construção de uma rede coletivamente benéfica, em conceber novos modos de cooperação e criar uma plataforma cooperativa. Ela defende cinco metas principais: coordenação política, conectividade das instalações, comércio desimpedido, integração financeira e vínculos pessoa-pessoa, de modo a construir uma Rota da Seda “verde, saudável, inteligente e pacífica” – uma das estratégias da China para melhorar a governança global.

A Iniciativa Cinturão e Rota pretende montar uma rede de transportes abrangente na Eurásia, compreendendo ferrovias, estradas, rotas aéreas, oleodutos e gasodutos, linhas de transmissão elétrica e uma rede de telecomunicações.

A construção desta infraestrutura contribuirá para formar um corredor econômico que propicie o desenvolvimento da arquitetura, da metalurgia, dos recursos energéticos, das finanças, das telecomunicações, da logística e do turismo. Um imenso sistema de transportes irá conectar a região ao Pacífico, um importante motor do crescimento global, à maior região econômica do mundo, a União Europeia. Isso irá fomentar as economias asiáticas e aprofundará a cooperação entre países e regiões, podendo levar à  formação de um imenso mercado na Eurásia, que transformará o atual cenário da economia global e promoverá o estabelecimento de uma nova ordem política e econômica internacional.

A Iniciativa Cinturão e Rota, que a China encara como uma tentativa de explorar maneiras de melhorar a governança global, tem chamado a atenção das grandes organizações econômicas internacionais. Desde que foi proposta, há três anos, mais de 100 países e organizações têm optado por participar. A China assinou acordos de cooperação com mais de 30 países ao longo deste “Cinturão e Rota”, e concordou em cooperar com mais de 20 países para a melhoria da capacidade produtiva. Organizações internacionais como a ONU têm dado grande apoio. A cooperação financeira na forma do AIIB e do Fundo da Rota da Seda tem sido ampliada e muitos projetos importantes estão sendo gradualmente implantados.

A China é membro permanente da Comissão Eletrotécnica Internacional (International Electrotechnical Commission, IEC). A State Grid é uma das instituições qualificadas para definir padrões internacionais em todas as áreas de engenharia de energia elétrica. Segundo Lü Shirong, vice-diretor do Departamento Internacional da State Grid, a companhia tem investimentos na Ásia, América do Sul, Europa e Oceania.

No que diz respeito à cooperação internacional em capacidade produtiva, a companhia começou trabalhando como subempreiteira para projetos de transmissão e transformação de energia em países em desenvolvimento na Ásia e na África e exportando equipamentos para esses países, declarou Lü. Depois de anos de desenvolvimento, a companhia tornou-se capaz de assumir de modo independente projetos nacionais de rede elétrica em diversos países. O seu Engineering Procurement Construction (EPC) (ou “Construção por Aprovisionamento de Engenharia”) e seu equipamento permitiram-lhe ingressar em mercados de ponta como o americano, e sua tecnologia de voltagem ultra-alta é hoje usada em todo o mundo.

A intenção por trás da Iniciativa Cinturão e Rota é contribuir para resolver problemas mundiais correntes e não dar início a um novo sistema que venha desafiar a ordem internacional existente.

Primeiro, ela está ajudando a estimular o desenvolvimento econômico na África, cujo desenvolvimento foi impedido pelo colonialismo, pelo imperialismo e pelo hegemonismo. A China propôs na África um programa de “três redes e industrialização”, isto é, construir três grandes redes de transportes – trens de alta velocidade, rodovias e aviação regional –, a fim de acelerar a construção de uma infraestrutura. O programa foi muito elogiado em todo o continente.

Segundo, ela estimula a economia mundial, estagnada desde a crise financeira global, com a taxa de crescimento do comércio mais baixa do que a da economia global. A iniciativa estimula o consumo e promove um equilíbrio entre o capital real e o capital fictício.

Terceiro, ela contribui para resolver um dos principais obstáculos à globalização – a pouca interconectividade. A iniciativa promove coordenação política, conectividade por estradas, comércio desimpedido, circulação de riqueza, e entendimento cultural entre Europa, Ásia e África.

Promover a equidade

Na V Sessão Plenária do 18o Comitê Central do Partido Comunista Chinês, as autoridades chinesas adotaram cinco conceitos de desenvolvimento: inovação, coordenação, desenvolvimento verde, abertura e compartilhamento. Eles vêm obtendo um reconhecimento cada vez maior da comunidade internacional.

A China também acredita que é necessário defender a prática de uma segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável na Ásia. Já ficou demonstrado que isso tem efeitos positivos, encorajando a Ásia – e mesmo o mundo – a abandonar a mentalidade da Guerra Fria e a ideologia de soma zero.

A China vem há muito tempo defendendo a ideia de que “o mundo é para todos” e tem participado ativamente da elaboração de regras de governança em questões emergentes, que incluem oceanos, regiões polares, internet, exploração do espaço, segurança nuclear, anticorrupção e mudança climática, com o fim de tornar a governança global mais equânime e mais adequada. Esse novo tipo de relações internacionais, voltadas para promover uma cooperação do tipo ganha-ganha e a visão de uma parceria global, está moldando um novo modelo de cooperação internacional.

Desde o 18o Congresso Nacional, o Partido Comunista Chinês tem defendido manter a abordagem correta, de preservar a justiça e os interesses, dando prioridade à justiça, e promovendo desse modo um novo tipo de relacionamento internacional, com destaque para a cooperação do tipo ganha-ganha, assim como para criar uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, construindo uma rede de parceria global e estimulando um conceito de segurança comum, abrangente, cooperativo e sustentável. As propostas e os esforços da China têm sido bem recebidos pela comunidade internacional.

Em 2016, a China foi a bem-sucedida anfitriã da Cúpula do G20 em Hangzhou. Na reunião, Xi Jinping expôs o perfil da China quanto à governança econômica global. A Cúpula do G20 em Hangzhou colocou a inovação como uma realização fundamental, enfatizou uma política desenvolvimentista na coordenação de políticas macroeconômicas globais, formulou uma estrutura multilateral dos princípios de investimento, divulgou uma Declaração do Presidente a respeito da mudança climática, e incluiu as finanças verdes na agenda da Cúpula do G20, aspectos esses que foram todos abordados pela primeira vez.

A Cúpula do G20 em Hangzhou assinala um ponto de inflexão na transformação da governança global. A posição e a atua-ção da China mostram que ela tem prestado maior atenção à governança global e adquirido mais confiança e capacidade para promover a cooperação entre grandes países para destacar a coordenação global, salvaguardar a paz mundial e formar uma ordem mundial mais equânime.

Governança global não deve significar que os Estados Unidos ou o Ocidente devam governar o mundo, mas que o mundo deve ser governado e gerido por todos os países. A participação dos países em desenvolvimento é especialmente importante, já que eles representam a maioria das pessoas. Governança global significa ação coletiva adotada para lidar com os desafios globais segundo a Carta das Nações Unidas e outros princípios aceitos de relações internacionais. A governança global deve ser conduzida por todos os povos. Como diz um antigo ditado chinês, “Quando o Grande Caminho for seguido, tudo sob os céus será igual”.

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