China combate dengue com liberação de mosquitos estéreis

Guangzhou adota método inovador que reduz em até 98% a população do Aedes albopictus, eliminando casos da doença em áreas de teste

Em uma nova abordagem para combater a dengue, a metrópole de Guangzhou, no sul da China, liberou mosquitos estéreis como parte de sua estratégia de defesa. Guangzhou, situada em uma região subtropical, experimenta longos períodos de clima quente e úmido, criando um ambiente ideal para a transmissão da dengue. Na cidade, o outono começou em 18 de novembro deste ano, encerrando um longo verão que durou 240 dias.

De abril a novembro de cada ano, milhões de mosquitos “modificados” são liberados na aldeia de Xiashi para combater a doença infecciosa grave. São mosquitos machos tipo Aedes albopictus infectados com a bactéria Wolbachia, o que os torna estéreis.

Os métodos tradicionais de desinfecção têm como alvo mosquitos adultos, larvas e pupas, mas os ovos do mosquito podem permanecer dormentes em locais de reprodução por longos períodos, tornando-os difíceis de eliminar, explicou Qian Wei, pesquisador da equipe chinesa que adotou pela primeira vez o uso dessa técnica.

Os mosquitos machos Aedes albopictus, infectados com Wolbachia e esterilizados pela equipe de Qian, são produzidos em massa e passam por triagem em uma fábrica em Guangzhou. Uma vez liberados, eles acasalam com mosquitos fêmeas selvagens – resultando em ovos que não incubam. Como os mosquitos machos não picam nem sugam sangue, eles podem ser liberados por um longo período, reduzindo a população de Aedes albopictus e evitando a propagação da dengue, disse Qian.

A aldeia de Xiashi foi o local de teste inaugural para este método de controle biológico. Zhu Jieyong, diretor do comitê da aldeia, disse que a proximidade da aldeia com colinas e rios cria condições favoráveis para a reprodução de mosquitos, o que resultou em dezenas de casos de dengue anualmente no passado. Em 2018, a aldeia convidou a equipe de Qian para realizar um teste.

“Soltamos mosquitos uma ou duas vezes por semana na aldeia, aproximadamente um milhão de machos por vez”, lembrou Qian. Eles usaram principalmente drones para liberar os mosquitos e implantaram armadilhas para mosquitos num esforço para entender melhor a estrutura populacional e monitorar sua densidade.

A equipe também monitorou as aldeias vizinhas como áreas de controle para comparar e analisar os efeitos da liberação de mosquitos estéreis. O monitoramento contínuo e a análise de dados mostraram uma diminuição significativa nos mosquitos Aedes albopictus – com taxas de controle chegando a 98%.

De acordo com Zhu, desde o início desses testes, a aldeia não precisou contratar profissionais para pulverizar pesticidas, proporcionando assim um espaço de vida mais seguro, saudável e ecológico para os moradores locais. Durante os últimos sete anos, nenhum caso de dengue foi relatado na aldeia.

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