Colaboração entre China e França em energia nuclear continua promissora após quatro décadas

Países comemoram 60º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas neste ano

Enquanto China e França comemoram o 60º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas, uma característica da cooperação entre os países chama atenção: a cooperação em energia nuclear soma quatro décadas, desde o estabelecimento da Central Nuclear de Daya Bay, usina localizada na costa sudeste do país asiático, que se tornou uma das primeiras centrais nucleares construídas para atender à crescente demanda por eletricidade da China.

A usina começou a operar comercialmente em 1995. A EDF (companhia elétrica francesa) e seu parceiro chinês, o China General Nuclear Power Group, iniciaram outro projeto nas proximidades: a Usina Nuclear de Ling Ao, que começou a operar comercialmente em 2002. Em 2008, os dois parceiros criaram uma joint venture para construir e operar dois reatores nucleares baseados na tecnologia do Reator Pressurizado Europeu (RPE) em Taishan.

“Éramos os professores e agora o aluno superou o mestre”, disse Philippe Taurin, que trabalhou em Daya Bay como conselheiro de segurança de 1993 a 1995 e depois em Taishan como vice-diretor-geral de 2014 a 2018. “Na área nuclear, você não pode ficar no mesmo nível, precisa continuar progredindo, e progresso significa aprender com a experiência dos outros”.

Após a época de ouro nas décadas de 1970 e 1980, a indústria nuclear francesa foi vítima do seu sucesso histórico. Mais de 50 reatores foram construídos nesse período, garantindo à França um amplo fornecimento de eletricidade a preços acessíveis. No entanto, a indústria registou um declínio significativo desde então, marcado pela falta de novas construções de reatores e pela redução gradual do número de profissionais qualificados ao longo da última década.

A partir de 2020, a energia nuclear voltou a ser parte necessária do escopo energético francês e uma ferramenta para atingir as metas de redução de carbono. Essa mudança foi anunciada pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2021 no âmbito do plano de investimento “França 2030”, com a construção de 14 reatores RPE.

Enquanto isso, a China cresceu e virou um jogador significativo na indústria. “Depois de lançar 10 novas centrais em 2022, mais 10 foram lançadas em 2023”, disse Fabrice Fourcade, atual delegado geral da EDF na China, mencionando que agora a frota nuclear chinesa é uma das maiores do mundo “A nível mundial, cada vez mais pessoas percebem que a energia nuclear é uma ferramenta útil e, em alguns lugares, indispensável para descarbonizar nossas economias e combater as mudanças climáticas. Nesse contexto, a parceria entre a França e a China deve continuar e ser consolidada”, disse Fourcade.

Felix Torres, historiador especializado na história das empresas francesas e autor de “The Shared Path” (“O Caminho Compartilhado”, em tradução livre), um livro sobre a história da EDF na China de 1983 a 2011, também acredita em “uma renovação da cooperação França-China em grande escala”.

“Atualmente, os dois países com as maiores ambições de construção são a França e a China”, disse Fourcade. “Há um verdadeiro interesse em capitalizar nossos 40 anos de parceria tecnológica, a proximidade industrial entre nossa frota nuclear, para garantir o melhor sucesso possível para novos programas de construção na França e mais amplamente na Europa”.

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