A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que será a ponte marítima mais extensa do mundo, está prestes ser inaugurada e o governo chinês está com suas atenções voltadas para ela, não apenas no esquema de tráfego e no aspecto econômico, mas também na proteção do golfinho branco chinês. Como a espécie está ameaçada de extinção, buscou-se minimizar o impacto da obra na vida do mamífero marinho desde o início da sua construção, em 2009. O país busca estabelecer, com essa ponte, um modelo equilibrado de desenvolvimento marítimo e proteção ambiental.
Uma parceria entre as autoridades das províncias de Guangdong, Hong Kong e Macau será criada para alavancar a cooperação entre grupos de proteção dos três lugares, segundo a administração da Reserva de Golfinhos Brancos do Estuário do Rio das Pérolas. A espécie está sob máxima proteção do país e atualmente só é encontrada em algumas áreas do litoral, sendo o estuário do Rio das Pérolas um dos mais importantes.
A aliança entre os grupos de proteção será ainda mais importante para resgates de rotina e resgates emergenciais, mas a parceria também servirá para que sejam feitas pesquisas sobre as populações, hábitos, rotas de migração e fisiologia dos golfinhos brancos, de acordo com o chefe da administração, Chen Hailang.
Impacto ambiental da ponte
Localizada na Baía de Lingding, no estuário do Rio das Pérolas, um canal de navegação que por onde transitam mais de 40 mil embarcações por ano, a ponte chinesa de Hong Kong-Zhuhai-Macau, com 55 km de extensão, irá reduzir o tempo de viagem entre Hong Kong e Zhuhai de 3 h para apenas 30 min.
Diversos estudos sustentam que o número de golfinhos da área se manteve estável nos últimos anos, sendo que Chen Tao, do Instituto de Pesquisa em Pesca do Mar do Sul da China, afirmou ter rastreado golfinhos no mar durante todos os meses entre 2013 e 2017. “Nosso monitoramento mostrou que existem entre 950 e mil golfinhos brancos chineses na Baía de Lingding durante os últimos quatro a cinco anos, em comparação com 1,1 mil a 1,2 mil antes da construção da ponte.
Apesar de estarem otimistas, os pesquisadores permanecem alertas: “Até agora, os dados de monitoramento não são suficientes para uma análise mais precisa da espécie, e os pesquisadores não conseguem rastrear eficientemente os golfinhos com os medidores disponíveis”, afirmou Chen Tao. Ele ainda acrescentou que após a abertura da ponte, mais avaliações sobre o impacto serão necessárias.
Grande missão
Uma das estratégias para minimizar o impacto da construção da ponte é por meio dos observadores de golfinhos. Para isso, a Reserva de Golfinhos Brancos do Estuário do Rio das Pérolas, além de apoiar estudos de pesquisadores, treinou milhares de observadores. “Antes do início das obras, propusemos sete tópicos acerca da proteção desses animais. Um deles foi treinar pessoas a verificarem e protegerem os golfinhos”, disse Chen Hailiang.
Um dos observadores treinados e certificados, Luo Guocai, afirmou que seu trabalho é o de checar o mar a cada 10 minutos antes de começarem as obras. Os golfinhos precisam ir à superfície para respirar em intervalos curtos de tempo, então se eles os veem, tocam o som do inimigo, a baleia orca, para alertá-los.
De acordo com Chen Tao, o ponto que mais os preocupa é em relação à alimentação desses animais: “É um grande desafio encontrar o alimento favorito deles, os peixes de fundo como linguados e garoupas, que vem desaparecendo desde a última década. A qualidade dos alimentos está piorando”. Diversos pesquisadores, no entanto, acreditam que o aumento das atividades de navegação no estuário fará com que a espécie fique ameaçada.
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