A última vacina contra Covid-19 aprovada para uso emergencial na China, a ZF2001, é mais barata e mais fácil de produzir em larga escala, sem a necessidade de instalações de armazenamento especializadas. O fármaco, que também foi aprovado no Uzbequistão no último mês, pode levar a produção chinesa a outro patamar.
Ainda não há resultados da terceira fase dos testes clínicos, que acontece no Uzbequistão, Indonésia, Paquistão e Equador, mas os números das duas primeiras avaliações mostram que o produto é “bem tolerado e imunogênico”. Além disso, não foram registrados eventos adversos graves e os dados indicaram que anticorpos neutralizantes foram detectados em 97% dos participantes de um grupo que recebeu doses de 25 microgramas na segunda fase dos testes.
A ZF2001, uma vacina de subunidade de proteína desenvolvida pela Anhui Zhifei Longcom Biopharmaceutical e o Instituto de Microbiologia da Academia Chinesa de Ciências, é a primeira do seu tipo a ser aprovada no mundo para uso contra o novo coronavírus. A técnica é utilizada em fármacos contra hepatite B, coqueluche e gripe e é considerada muito segura.
O imunizante foi criado por Gao Fu, que também dirige o Centro chinês para Controle e Prevenção de Doenças, e os colegas Yan Jinghua e Dai Lianpan, da Academia Chinesa de Ciências, com base em pesquisas anteriores sobre o coronavírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).
Uma pequena parte da proteína do novo coronavírus equipa o sistema imunológico para reconhecer futuras infecções. O fato de conter apenas parte do vírus torna os efeitos colaterais menos prováveis, mas a técnica torna a imunidade duradoura mais difícil de ser alcançada. Muitas vezes, são necessárias injeções de reforço para provocar uma resposta imunológica mais forte. No caso da ZF2001, são recomendadas 3 doses com intervalo de 30 dias.
Especialistas afirmam que a produção desse tipo de vacina é estável, confiável e a fabricação em massa é mais fácil de ser atingida se compararmos com outros imunizantes. Ela também pode ser transportada em temperaturas de 2 a 8 graus Celsius, o que pode torná-la mais apropriada para países onde as instalações de armazenamento e distribuição são limitadas.
Para Yanzhong Huang, pesquisador de saúde global do Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos, a decisão de conceder aprovação emergencial tem motivos práticos, para adicionar outra fonte de suprimentos. “Uma das razões pelas quais uma aprovação emergencial é emitida é que ela permite o aumento da produção, quando eles enfrentam uma restrição de capacidade de fabricação”, disse.
Huang acrescentou que o novo imunizante, que não requer uma fábrica com alto nível de biossegurança, poderia aliviar o gargalo de produção na China.
O especialista Tao Lina garante que é comum que fármacos de subunidades proteicas sejam administradas em três doses, como contra hepatite B e HPV. Eles também são mais baratos de produzir. “Quando o governo está pagando pelos imunizantes da Covid-19, a vantagem de preço não pode ser omitida ”, afirmou.
Gao explicou que, com o imunizante, a meta chinesa de ter até 80% da população vacinada contra o novo coronavírus poderia ser alcançada até a metade de 2022.
Pu Jiang, gerente geral da farmacêutica desenvolvedora da vacina, disse em fevereiro que a empresa tinha capacidade de produzir 1 bilhão de doses por ano. Ele também estimou que o imunizante poderia ser lançado para uso geral no primeiro semestre deste ano.
A vacina parece funcionar bem contra a variante detectada na África do Sul, segundo um estudo em pequena escala ainda não revisado. Os cientistas descobriram que o fármaco preservou amplamente os níveis de neutralização de anticorpos no sangue, com apenas uma pequena redução.
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