Transformando gargalos em oportunidades

Para crescer, o Brasil precisa superar vários entraves de sua infraestrutura, como fornecimento de energia e transportes, áreas de alto potencial para investimentos estrangeiros

China Hoje – Siemens no Brasil

 

O século XXI avança para sua terceira década sem que o Brasil tenha desatado alguns nós vitais para alavancar sua economia de forma sustentável. Ao lado de questões tributárias e de macroeconomia, o aspecto da infraestrutura tem sido um dos mais abordados quando se avaliam esses entraves. Mas eles podem, também, ser grandes oportunidades de investimento.

O embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, aponta que a infraestrutura faz parte da onda mais recentes de investimentos chineses no Brasil. “Além de participar ativamente dos leilões de petróleo, nós temos visto os chineses cada vez mais interessados em investir na infraestrutura brasileira, setor que efetivamente demanda recursos para que o Brasil efetivamente cresça nos próximos anos”, diz o embaixador.

O setor de transmissão e distribuição de energia é um desses segmentos para potenciais investimentos estrangeiros. País de dimensões continentais, o Brasil vive um dilema típico de nações com grande extensão territorial: grandes polos geradores de energia, como hidrelétricas, termelétricas e usinas eólicas, distantes dos maiores centros consumidores. Para suportar o consumo distribuído, em um cenário onde a produção ainda é majoritariamente concentrada, um passo fundamental foi dado nos últimos anos, com a implantação do projeto Reger.

O sistema elétrico brasileiro é interligado e tem a supervisão do Operador Nacional do Sistema (ONS) que, há alguns anos, precisava ampliar o grau de segurança desse sistema, com o objetivo de acompanhar o consumo e evitar falhas de abastecimento. A resposta foi a criação da Rede de Gerenciamento de Energia (REGER), uma plataforma unificada, baseada em um sistema computacional de grande porte que integra os quatro centros de operação regional e o centro nacional do ONS.

Nascido de um consórcio formado pela Siemens e pelo Cepel (Centro de Pesquisa de Energia Elétrica), o Reger conta com a plataforma SCADA da Siemens (Supervisory Control And Data Acquisition) contendo aplicações EMS (Energy Management System) para análise da rede elétrica em tempo real.

Operando com um nível de confiabilidade raro para sistemas desse tipo, graças a esse conjunto de inovações, o sistema elétrico brasileiro, no entanto, precisa de alternativas a esse modelo de produção centralizada. A energia distribuída, de fato, é um conceito com potencial para beneficiar também setores industriais diversos, que demandam altas quantidades de energia. Produzir energia a partir de fontes diversas em regiões próximas ao consumo é um campo de enorme potencial no Brasil.

Energia onde se precisa dela

Gerar energia para populações remotas foi o objetivo de um projeto desenvolvido no estado do Pará. Com equipamentos de automação, proteção e controle, a Siemens modernizou usinas de doze cidades do interior do estado. Monitoradas por uma central única, que coleta informações operacionais de forma remota, as usinas fornecem energia para mais de 160 mil habitantes da região, de forma segura e com confiabilidade.

“O sistema concebido para a gestão das usinas aprimorou o monitoramento e o controle de índices de geração, consumo de combustível e acesso remoto de diversos parâmetros técnicos que asseguram mais disponibilidade de energia”, explica Sérgio Jacobsen, diretor da área de Smart Infrastructure da Siemens no Brasil.

Esse mesmo conceito de energia distribuída utilizado, neste caso, para o abastecimento da população, pode ser utilizado, por exemplo, para instalações industriais, de agronegócio ou em estruturas comerciais, como shoppings ou centros empresariais. Os benefícios são, da mesma forma, confiabilidade no fornecimento e independência da rede externa, com bônus como redução de custos e utilização de insumos da própria produção como gerador de energia (biomassa, gases oriundos da produção etc.)

Soluções para aeroportos

Um dos gargalos mais sensíveis para a sociedade brasileira, nos últimos anos, têm sido os aeroportos brasileiros, carentes de eficiência e, em muitos casos, subdimensionados para o aumento de movimento registrado em anos recentes. Uma iniciativa recente , demonstra como o investimento em tecnologia pode aperfeiçoar as operações aeroportuárias no Brasil.
O AeroMACS (Aeronautical Mobile Airport Communication System), uma tecnologia de comunicação móvel por banda larga que transmite dados e imagens em tempo real para os operadores do aeroporto, facilitando e otimizando toda a gestão do local, que recebe cerca de 15 milhões de passageiros e opera mais de 50 mil voos todos os anos.

Os dados são obtidos por meio de sensores e câmeras instaladas tanto em ativos móveis (ônibus de passageiros, veículos de operadores de pista, escadas de embarque etc.) quanto fixos (como radares e sensores da pista). O sistema foi desenvolvido em conjunto pelas áreas de Digital Industries e Smart Infrastructure da Siemens para atender as necessidades específicas do cliente. deaeroportos. O sistema tem aplicações como a verificação da lâmina d’água na pista, anteriormente realizada de forma manual e transmitida por rádio à torre de controle. Com o AeroMACS, câmeras e sensores instalados em um veículo transmitem informações detalhadas e em tempo real aos operadores da pista, com mais confiabilidade e segurança.

Ao se decidir pelo investimento em infraestrutura no Brasil, o capital estrangeiro pode se beneficiar da experiência de empresas como a Siemens, estabelecidas no país há mais de um século, mas não só por essa permanência duradoura no país. “Porque empresas como a Siemens podem fazer uma triangulação entre Brasil, China e outros países, como a Alemanha, trazendo dinamismo às relações, para efetivar projetos que, de outra forma, teriam mais dificuldade para serem efetivados”, comenta o embaixador Marcos Caramuru, membro do Conselho Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), e membro do Comitê Executivo do Conselho Empresarial Brasil-China.

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