Participação de empresas dos EUA na CIIE mostra seu interesse no mercado chinês

Apesar dos conflitos entre China e Estados Unidos, empresários estadunidenses têm interesse em aprofundar a cooperação entre os dois países

A 2ª Exposição Internacional de Importação da China (CIIE) contará com a participação de 192 empresas dos Estados Unidos, fazendo com que o país ocupe um espaço de 47,5 km², a maior área de exibição entre os países participantes. A presença dessas companhias no evento mostra que elas buscam entrar no mercado chinês e que têm interesse em expandir a cooperação, apesar dos atritos comerciais entre China e EUA.

Portas abertas

As empresas estadunidenses participantes irão mostrar na CIIE uma ampla gama de produtos, que vão desde a indústria manufatureira até as telecomunicações, passando pelos setores automotivo e agrícola. O conglomerado multinacional General Eletric Company (GE), que participará do evento pela segunda vez, demonstrará as soluções para energia limpa e apresentará alguns produtos impressionantes, pelo que disse a presidente e diretora executiva da GE Global Growth Markets, Rachel Duan.

A GE ocupará uma área de 500 m² e exibirá equipamentos industriais e soluções digitais nos setores de aviação, energia, assistência médica, petróleo e gás e manufatura inteligente. Segundo Duan, essa será a primeira vez que a empresa apresenta suas soluções abrangentes para o desenvolvimento de energia limpa sob um único guarda-chuva.

De acordo com os números mais recentes oferecidos pelo Ministério do Comércio da China, durante a primeira CIIE, em 2018, foram feitos acordos para a aquisição de bens e serviços no valor de US$ 57,8 bilhões, dos quais 90% foram concluídos no decorrer desse último ano.

A Qualcomm, empresa de equipamentos de telecomunicações, por sua vez, espera mostrar na exposição deste ano as suas realizações com parceiros chineses em smartphones 5G, internet das coisas, inteligência artificial e cidades inteligentes. Frank Meng, presidente da Qualcomm China, disse que a companhia está muito confiante no mercado chinês e que espera fortalecer ainda mais a cooperação estratégica com parceiros do país asiático.

Aos olhos do professor de economia da Stuart School of Business do Instituto de Tecnologia de Illinois, Khairy Tourk, a CIIE “abre as portas para os exportadores dos EUA venderem bens e serviços no vasto mercado chinês”. Ele ainda acrescentou que o país asiático tem um grande apetite por produtos de qualidade.

Pontes de construção

Na opinião de Tourk, a CIIE constitui “uma abordagem inovadora que nenhum país havia trabalhado antes para aumentar as importações” e ofereceu uma plataforma sem precedentes de cooperação entre a China e os EUA. Com a implementação de medidas para abrir ainda mais sua economia ao resto do mundo, ” a China está se comportando como um agente global responsável” ao enfrentar os desequilíbrios no comércio global.

Gene Wu, representante democrata do estado do Texas no distrito de Houston, disse que participar da CIIE é, para as empresas de Houston, uma boa maneira de cultivar oportunidades de negócios com o país que é a segunda maior economia do mundo. Temos que construir pontes, fazer amigos e lembrá-los de que estamos aqui como parceiros, não importa o que esteja acontecendo em Washington DC”, disse ele.

Uma delegação composta por mais de 20 líderes empresariais da área metropolitana da Grande Houston, representando setores de finanças, logística, educação, gerenciamento de macrodados e serviços médicos e jurídicos, ocupará postos na 2ª CIIE, onde realizará seminários para apresentar a região como atrativa para os negócios e os investimentos. “Um dos propósitos desta missão é construir mais redes comerciais [com a China]”, disse Jensen Shen, diretor para a Ásia, Austrália e Oceania da Associação da Grande Houston e organizador da delegação comercial.

No final de outubro, o vice-ministro do Comércio da China, Ren Hongbin, afirmou numa entrevista coletiva em Pequim que a CIIE terá um efeito indireto maior com a participação de todas as partes. Nesse sentido, Tourk disse que os esforços chineses para impulsionar as importações levarão ao aumento da demanda agregada global. “Diante de um crescente crescimento protecionista, a China facilita o comércio internacional, o que é outro sinal de que o país asiático emerge como defensor da globalização e dos mercados abertos”.

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