Exposições internacionais conquistam o público chinês e impulsionam diálogo entre civilizações

De Pompeia ao Egito antigo, mostras inéditas atraem milhões na China e despertam interesse por culturas globais e conexões com o passado chinês

Na penumbra de uma galeria na Região Autônoma de Guangxi, no sul da China, a visitante Zhou Jie observa, comovida, um molde em tamanho real de uma vítima de Pompeia, soterrada pelas cinzas do vulcão Vesúvio há quase 2 mil anos. “As joias e vidros lembram os achados dos túmulos Han aqui de Guangxi”, comenta. “É incrível como povos tão distantes desenvolveram estéticas tão parecidas.”

Essa sensação de conexão vem impulsionando o crescimento de exposições culturais internacionais na China. Em 2023, o país realizou mais de 100 mostras de relíquias culturais de entrada e saída, segundo a Administração Nacional do Patrimônio Cultural da China.

No Museu de Xangai, a exposição No Topo da Pirâmide, sobre o Egito Antigo, já atraiu mais de 2 milhões de visitantes desde o ano passado. São 788 artefatos raros, incluindo 200 peças recém-descobertas que nem chegaram a ser expostas em museus egípcios. Para envolver ainda mais o público, o museu criou visitas noturnas temáticas, como a “Noite do Miau no Museu”, com entrada para gatos, e comercializa mais de mil produtos derivados, como brinquedos e ímãs, gerando cerca de 580 milhões de yuans em receita.

Em Zhengzhou, no centro do país, a exposição Maias, Ceiba e Cosmos também chamou atenção ao reunir 209 artefatos maias, 90% deles exibidos pela primeira vez na Ásia, em meio a uma ambientação que simula a selva. “A cerâmica pintada lembra a cultura Yangshao da China neolítica, tão viva e expressiva”, disse a moradora Zhu Peipei.

Ao mesmo tempo, a China também exporta seu patrimônio cultural. Em 2023, foram 38 exposições realizadas no exterior. Uma delas, sobre a dinastia Tang em Paris, atraiu mais de 80 mil pessoas e gerou discussões sobre os papéis de gênero na China antiga. Para 2025, estão previstas novas parcerias com museus da Rússia, Arábia Saudita e Itália.

Para Chu Xiaobo, diretor do Museu de Xangai, os museus se transformaram. “Deixaram de ser apenas espaços de preservação. Tornaram-se plataformas de diplomacia pública, onde civilizações se encontram e dialogam.”

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