Compreender a China é essencial para o desenvolvimento pacífico global

Evento de Pequim reuniu especialistas em política externa para debater a China
Zhu Min, ex-vice-diretor administrativo do FMI, discursa durante evento em Pequim

A China desafia categorizações fáceis. Com uma população de mais de 1,3 bilhão de habitantes, ela se estende da vastidão do Deserto de Taklamakan a oeste até a florescente metrópole de Xangai a leste e é ao mesmo tempo ultramoderna e profundamente tradicional. O conhecimento mais elementar a respeito da China deve levar em conta que sua política, economia e cultura variam conforme a região.

Como segunda maior economia do mundo, maior manufatureira, maior nação comercial e segundo maior consumidor de bens durante anos seguidos, a China não para de atrair atenção do mundo. No entanto, devido a barreiras geográficas, linguísticas e culturais, assim como à complexidade das condições nacionais da China, ela com frequência é mal compreendida por alguns ocidentais.

Depois do sucesso das suas primeiras das duas primeiras sessões anuais, a 3ª Conferência Compreendendo a China foi realizada em dezembro de 2018 em Pequim, com economistas estrangeiros e líderes regionais sentados lado a lado com seus colegas chineses para aprimorar o entendimento mútuo. Durante a conferência, a China Hoje entrevistou vários renomados especialistas e constatou mais uma vez a profunda influência mundial exercida pelo rápido desenvolvimento da China.

Colocar estereótipos de lado

Stephen Roach, renomado economista americano, é atualmente pesquisador associado do Instituto Jackson de Assuntos Globais da Universidade de Yale e palestrante da Escola de Administração dessa universidade. Roach tem dedicado boa parte de sua carreira a estudar o futuro desenvolvimento da região Ásia-Pacífico. “Acho que há muita coisa sobre a China que o mundo não compreende”, observou. Na sua visão, é extremamente importante que o resto do mundo se esforce para aprofundar sua compreensão da China.

“Acho que para envolver outras comunidades do mundo, seria útil que conferências como essa ‘Compreendendo a China’ fossem realizadas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. É importante que haja um amplo consenso entre os povos. O desafio principal é convencer aqueles que estão fora da China”, afirmou Roach. Entre as questões-chave relacionadas à China que precisam ser discutidas estão a inovação e o setor manufatureiro.

Gordon Bajnai é um empreendedor e economista húngaro, que foi também primeiro ministro da Hungria de 2009 a 2010. Como político e economista que conhece em profundidade tanto o passado quanto o presente da China, ele afirmou que os chineses estão agora recuperando gradativamente o papel global que o país teve há centenas de anos. Isso significa que o mundo precisa acolher a China, compreender o sentido desta mudança e promover uma adaptação mútua.

Nathan Gardels, confundador e alto conselheiro do Instituto Berggruen, comentou o crescimento e a abertura da China afirmando que são “fatores importantes para o mundo inteiro, porque, se a China desacelera, os Estados Unidos também desaceleram, e o mundo inteiro desacelera. Portanto, uma contínua reforma e abertura em direção ao futuro é importante para as metas do nosso mundo”.

Estudar mais, aprender mais

A reforma e abertura é um tema que estudiosos estrangeiros não podem deixar de examinar em sua abordagem e esforço de compreender melhor a China. Os últimos 40 anos foram de muitas realizações.

Em nível nacional, o PIB da China cresceu de 367,9 bilhões em 1978 para 82,7 trilhões de yuans em 2017, com crescimento anual de 9,5% em média – muito mais alto do que a média mundial de 2,9% no mesmo período. Foram feitas notáveis conquistas em construção de infraestrutura, com a criação de complexas redes de estradas, ferrovias e linhas de trem de alta velocidade. Em termos de direitos humanos, a China tirou 740 milhões de pessoas da linha da pobreza; 93,8% das crianças em idade escolar têm garantia de educação obrigatória durante nove séries; 900 milhões de pessoas têm acesso a uma pensão básica; mais de 1,3 bilhão de pessoas são cobertas por um sistema de seguro-saúde; e a expectativa de vida subiu de 67,8 anos em 1981 para 76,7 anos em 2017.

Esses fatos concretos são a base para o estudo da China. Na entrevista a China Hoje, Roach destacou a importância da reforma e abertura iniciada há quarenta anos. “Ela me interessa pessoalmente porque eu sou economista, e acho fascinante estudar como a China enfrentou suas questões ao longo dos últimos quarenta anos, o que ela tem feito e como tem articulado uma visão para o futuro. Para mim, como economista, é um estudo de caso único.”

Pascal Lamy, ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio, e Zhu Min, vice-diretor administrativo do FMI, na 3ª Understanding China Conference, no último mês de dezembro, em Pequim

Além de constituir um estudo de caso para um destacado economista, a reforma e abertura da China atraiu aqueles que querem aprender a partir dessa experiência. Ela tem um sentido diferente para Güven Sak, economista turco, acadêmico, fundador e diretor administrativo da Fundação de Pesquisa em Economia Política da Turquia, já que este país adotou uma política similar de abertura na mesma época.

“Eu sou da Turquia, portanto, a abertura chinesa tem muita importância para nós, porque a Turquia também iniciou um processo de abertura no início da década de 1980, junto com a China. Mas trilhamos caminhos diferentes. E o caminho que vocês adotaram foi bem-sucedido, portanto vou fazer algumas comparações para tentar entender melhor as diferenças.”

Dawn Nakagawa, ex-vice-presidente executiva do Conselho do Pacífico sobre Política Internacional, é hoje vice-presidente executiva do Instituto Nerggruen. “Impressionante” pe a primeira palavra com a qual Nakagawa descreve entusiasmada a reforma e abertura da China nos últimos quarenta anos. Ela vê essas décadas do ponto de vista humanitário, destacando como a vida mudou para melhor, de muitas maneiras, para o povo chinês, e que a determinação do governo há quarenta anos merece os créditos por tudo que estamos vendo hoje.

“Acho que é um bom exemplo para o mundo. Também penso em como era a China há quarenta anos e no que ela está se transformando, e o quanto isso é realmente importante para o povo da China. Portanto, acho isso muito positivo.”

Maior cooperação

O presente protecionismo comercial internacional, as tensões geopolíticas e outros problemas fazem a economia global sofrer pressões restritivas. A China tem acolhido a globalização, tem feito parte ativamente de organizações multinacionais, participado e promovido o diálogo e a cooperação entre as grandes economias, e tido papel importante na reforma do mecanismo global de governança financeira para evitar uma recessão econômica mundial prolongada. A atitude proativa e aberta da China em termos de cooperação também atraiu pessoas com um enfoque similar.

Bajnai ressalta o mercado consumidor da China. Na sua visão, a China segue uma direção estratégica em termos de economia e de intercâmbio pessoa a pessoa, e os húngaros precisam melhorar sua compreensão da China. “Nós também precisamos ser mais capazes de exportar para o mercado chinês, conforme a China continua promovendo a abertura e a reforma de sua economia, o que lhe permite importar cada vez mais produtos húngaros. Esperamos poder vender mais os nossos produtos e tecnologias aos chineses.”

No que se refere à cooperação, Nakagawa disse que entre todas as áreas de cooperação ela realmente gostaria de ver especialmente uma cooperação maior em IA e em engenharia genética, já que são terrenos de muito poderio tecnológico. “Há um cuidado muito grande na maneira como a IA e a engenharia genética estão sendo desenvolvidas na China, e espero que haja maior cooperação internacional a respeito de como fazer isso de uma maneira eficaz e humana.”

Ela também expressou preocupações em relação a um aumento na competição e da não-cooperação ao redor do mundo, o que inclui China e Estados Unidos, e pediu responsabilidade global para uma maior cooperação e menor competição.

A China desafia categorizações fáceis, mas a busca de paz e harmonia está na essência da cultura chinesa. A China continuará a se abrir ao mundo exterior e a ter um papel ativo na governança global para cumprir suas responsabilidades como grande país. Ao mesmo tempo, irá aprimorar ainda mais seu modelo de desenvolvimento, e os novos impulsos do seu avanço criarão mais oportunidades para uma cooperação pacífica no mundo.

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