China: Uma Experiência Transformadora em Hainan

Por Filipe Porto

Recentemente, tive a oportunidade de participar da 14ª Exposição Internacional de Publicação Digital da China, realizada de 20 a 22 de setembro em Haikou, na província de Hainan. Este evento, que marcou sua estreia internacional, foi anunciado pelas autoridades do governo provincial durante a 30ª Feira Internacional do Livro de Pequim.

Reprodução: arquivo pessoal

A Expo atraiu uma vasta gama de editores e pensadores, com um foco significativo na Inteligência Artificial (IA). Não por ser uma exposição exclusiva de IA, mas porque a China tem abraçado essa tecnologia com entusiasmo e determinação. Com o tema “Inovação para Melhoria da Qualidade: Capacitando Indústrias para Vencer o Futuro com Digitalização”, a expo apresentou um panorama abrangente da indústria de publicação digital, incluindo exposições, fóruns principais e especializados, além de diversas atividades interativas.

As discussões deste ano concentraram-se em tópicos como empoderamento tecnológico, inovação no setor, criação de literatura online e desenvolvimento de recursos de dados. O evento abrangeu toda a cadeia produtiva, desde a criação de produtos digitais até sua operação e distribuição, incluindo e-books, audiolivros e literatura online. Também contou com um espaço dedicado a expositores internacionais e introduziu iniciativas como o Fórum de Publicação Digital da China e o Workshop Criativo de Publicação Digital.

Embora eu já tenha ouvido muito sobre os avanços da IA em várias partes do mundo, nunca antes me impressionei tanto com a capacidade tecnológica, a clareza na explicação de seu funcionamento e a implementação prática que presenciei na exposição.

Wang Qing, presidente do Central China Publishing and Media Investment Holding Group, ressaltou a importância de inovar: “Assim como no fenômeno mundial do jogo Wukong, onde o macaco Wukong é o grande herói escolhido, devemos agir como os escolhidos nas áreas de inovação em publicações”. Ele alertou que a leitura de livros não é mais a principal fonte de informação, e o interesse por livros físicos tem diminuído. “Corremos o risco de ficar para trás se não nos adaptarmos às novas tecnologias”, afirmou Wang.

Os livros sempre serão uma fonte de conhecimento para a sociedade, mas a publicação digital traz uma narrativa mais rica e dinâmica. Essa abordagem pode atrair muitos para o mundo do conhecimento. Apesar das preocupações legítimas sobre direitos autorais, a adoção e execução da IA estão recebendo muito mais energia do que já observei. Durante o evento, explorei diversos modelos de IA chineses que são raramente discutidos fora do país. A China está rapidamente descobrindo maneiras de usar a IA para transformar suas indústrias.

Uma aplicação que me impressionou foi “Aprendendo a fortalecer o país”, que oferece uma seleção de clássicos de estudo desde a literatura e até a ciência, de Confúcio a Freud, de forma interativa por meio de avatares dos estudiosos. Entrevistando uma estudante universitária de Haikou, Qiu Lingbo, ela destacou como essa aplicação é uma forma eficaz de atrair a atenção de alunos do ensino médio e fundamental.

Reprodução: arquivo pessoal

Aproveitei cada momento da exposição – desde a oportunidade de “ver a China em ação”, entender onde está o foco atual do pensamento, até desfrutar de uma acomodação maravilhosa e hospitalidade generosa em Haikou. Essa experiência me proporcionou uma nova perspectiva sobre o futuro das publicações. Acredito que todos precisamos sair da nossa zona de conforto, e conhecer as inovações dessa forma é uma maneira eficaz de fazer isso.

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