Yaozhou: a mais refinada porcelana do norte da China

Joia da coroa da China setentrional, o forno Yaozhou produziu por mais de 1,3 mil anos

Existe um dito entre os principais especialistas em porcelana chinesa de que Longquan é a melhor porcelana do sul, e Yaozhou a mais refinada do norte. A porcelana celadon Yaozhou com motivos gravados é saudada como a joia da coroa da cerâmica do norte da China.

O forno que produzia porcelana de Yaozhou ficava em Huangbao, cidade de Tongchuan na província de Shaanxi. A produção começou na dinastia Tang (618-907), atingiu o auge na dinastia Song do Norte (960-1127) e cessou durante o período da República da China (1912-1949), estendendo-se, portanto, por mais de 1.300 anos. As linhas mais conhecidas são as peças de celadon com padrões esculpidos e impressos. Seu verniz translúcido é em tons de verde que não são nem muito resplandecentes nem suaves demais, e seu formato é clássico.

As peças Yaozhou cobrem quase todos os objetos de uso diário, como utensílios de mesa, travesseiros, luminárias, itens rituais e artigos de toucador. Têm uma impressionante variedade de formatos, revelando a grande criatividade dos ceramistas antigos. Mas o traço mais apreciado das peças Yaozhou é a decoração essencialmente esculpida, com impressões de grafitti. As linhas são suaves, mas decididas, criando um efeito de relevo. Entre os motivos temos animais, figuras humanas, flora e desenhos geométricos.  Com seu verniz cheio de nuances, uma técnica aclamada de incrustação em alto relevo e formas refinadas, as peças Yaozhou foram inigualáveis no norte da China por um longo período.

A queima é crucial para o aspecto sublime dessas peças. Mas é meramente a última das dezessete etapas de um meticuloso processo. Primeiro, há a escolha dos materiais brutos, que são então processados e combinados; a argila é deixada “decair” por um tempo antes de ser amassada e moldada. Então aplica-se o verniz, e os padrões decorativos são acrescentados. Por fim, providenciam-se os recursos usados para apoiar e separar as peças no processo de queima, e as peças brutas são colocadas dentro da câmara do forno. Sob altas temperaturas, as partículas de ferro na argila usada para fazer as peças Yaozhou transformam-se em pintas cor de gengibre sobre sua superfície, que é uma marca dessas peças.

As peças Yaozhou eram o celadon predominante no norte da China durante a dinastia Song. No auge de sua produção, oficinas de ambas as margens do rio Qihe (na cidade de Tongchuan) estendiam-se por quilômetros e trabalhavam dia e noite. A chama de suas câmaras de queima de cerâmica iluminava o céu noturno, num espetáculo considerado uma das sete atrações mais apreciadas da região. Com uma reputação à altura das cinco melhores porcelanas da dinastia Song, as melhores porcelanas da dinastia Song, as peças Yaozhou eram populares não só entre a classe governamental, mas também entre os cidadãos comuns, e exportadas a outras partes do mundo. Embora os fornos da aldeia Huangbao tenham declinado na dinastia Yuan (1271-1368), o local tem sido bem preservado. Em 1977, ceramistas chineses conseguiram reproduzir as peças Yaozhou, ressuscitando a antiga arte. Hoje elas são exportadas a vários países da Ásia e da África, e estimulam o intercâmbio cultural e econômico.


Chaleira Yaozhou com desenho de moedas (Museu do Palácio, Pequim)

Coberta com uma pequena tampa dotada de uma pequena saliência, a peça tem ombros com forte inclinação, um abdômen saliente, base circular e bico curvo. De cima a baixo na parte externa há entalhes de flor de lótus, padrão de fios, padrão de moedas e de novo padrão de fios. A vitrificação é de cor verde-amarelada.

 

Tigela de celadon Yaozhou com padrão de crianças brincando (Museu do Palácio, Pequim)

Com uma borda larga e base circular, esta peça de formato refinado é gravada na face interna com um desenho floral entrelaçado e com crianças brincando. Sua vitrificação verde-oliva é lustrosa e translúcida.

 

Peça de celadon Yaozhou com aba (Museu da Capital, Pequim)

A aba na borda funciona como cabo. Embaixo dela há um anel para amarrar uma corda. A face externa e adornada ao longo da borda com duas linhas paralelas (conhecidas como “padrão de fios””. Esta peça com vitrificação verde foi desenterrada de um túmulo da dinastia Jin (1115-1234) em Pequim, e o seu design é típico das peças de Yaozhou desse período. É uma valiosa referência para o estudo da cerâmica Jin.

 

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