Ningbo – A Cidade Porto

Importante porto marítimo, a cidade de Ningbo une tradição e inovação em sua história

 

Localizada na porção leste da Província de Zhejiang, Ningbo, cidade subprovincial, é um dos três maiores centros econômicos de Zhejiang. Com rica herança cultural e uma longa história, Ningbo abriga sites culturais do Neolítico e a mais antiga biblioteca privada da China, o Pavilhão Tianyi. As pessoas em Ningbo há muito tempo cultivam uma tradição de respeito aos intelectuais e de valorização da educação. Ao mesmo tempo, Ningbo é também um importante porto marítimo no extremo sul do Grande Canal da China, um dos pontos de partida da Rota da Seda Marítima, que liga a cidade a mais de 600 portos e mais de 100 países e regiões do mundo. Ningbo é famosa também como terra natal de muitos chineses no exterior. A Confraria de Ningbo do exterior tornou-se um importante elo de ligação entre Ningbo e outras partes do mundo.

Civilização agrária altamente desenvolvida

Localizada no centro da ilha litorânea do continente chinês e na ala sul do delta Yangtzé, Ningbo tem muitos recursos hídricos, e os sedimentos do rio e do lago tornaram seu solo fértil. Em 1973, arqueólogos descobriram quatro camadas culturais sobrepostas em sucessão em Hemudu, na cidade de Ningbo. A mais antiga data entre 6 mil e 7 mil anos. Dezenas de milhares de relíquias culturais foram desencavadas, junto com arroz cultivado – o mais antigo cultivo descoberto na China – indicando que já havia uma cultura primitiva em desenvolvimento nas extensões baixas do rio Yangtzé nessa época. Mais tarde, essa cultura foi chamada de Cultura Hemudu.

Entre a ampla gama de artefatos, há maquinaria original de madeira para tecer, apitos de osso e outros instrumentos originais, ferramentas de pedra e de ossos de animais, assim como grande número de objetos de cerâmica e vestígios de construções primitivas. A arquitetura da região usa pilhas de madeira como alicerce. Montam-se suportes de madeira, com pisos pavimentados que formam uma base de alicerces acima do chão, sobre os quais são construídas colunas, vigas e telhados com frontão. A estrutura da construção é cercada por bambu trançado e cascas de tronco de árvore. Esse tipo de edificação elevada, com um longo corredor, constitui o estilo de arquitetura sobre palafitas, muito bem adaptado aos climas úmidos e chuvosos do sul da China. Hoje, essas construções podem ser vistas no sudoeste da China e em países do Sudeste Asiático.

Foi encontrada aqui também uma boa quantidade de arroz. Muitas dessas amostras foram estudadas por historiadores da agricultura, que as identificaram como uma espécie de cultivo, o que corrigiu a crença anterior de que o cultivo do arroz na China fora trazido da Índia. Hoje, acredita-se que o cultivo tenha tido várias origens na própria China, o que ampliou o campo de pesquisa sobre as origens da agricultura.

Cerca de 400 mil peças de cerâmica foram também desenterradas aqui, 1.221 delas recuperadas intactas. O estilo mais característico é a antiga cerâmica preta de carvão. Os ancestrais Hemudu incorporavam pó de carvão de propósito na argila, principalmente para reduzir a viscosidade da argila e melhorar a produtividade. Há diversos tipos de cerâmica, segundo o uso ou a função; as peças podem ser divididas nas categorias de cozinha, alimentação, armazenagem e recipientes para água. Os itens desenterrados incluem ainda artefatos de pedra, osso e madeira, assim como obras de arte primitivas.

A descoberta do Sítio Hemudu mostra que havia uma civilização agrária altamente desenvolvida em Ningbo no Neolítico. Já há 7 mil anos, os ancestrais de Ningbo mudaram seu padrão de vida da pesca e caça para o assentamento, progredindo no seu estágio civilizatório. Pode-se dizer que Ningbo é também um dos berços da civilização agrária chinesa.

Cultura marítima

Devido às dificuldades de transporte dos tempos antigos, as vias hídricas tornaram-se um importante recurso para o comércio. Como cidade mais ao sul do Grande Canal da China, um dos Patrimônios da Humanidade, Ningbo é também a saída do canal, e faz a junção entre ele e a Rota da Seda Marítima.

O Grande Canal da China é a principal via navegável de ligação entre o norte e o sul, por onde passam alimentos e mercadorias, e desempenha um importante papel no desenvolvimento econômico e cultural e no intercâmbio entre as diferentes regiões da China. O comércio marítimo é realizado em Ningbo desde o século III a.C. e foi acelerado com o desenvolvimento dos transportes pelos oceanos. O comércio de Ningbo tem feito grandes avanços com a prosperidade do Grande Canal e de sua indústria naval. Grandes quantidades de seda, chá e porcelana são despachadas para a Ásia e África pelo canal e, porto de Ningbo.

No século XVIII, Ningbo, Yangzhou e Guangzhou eram os três maiores portos comerciais da China e até hoje, a cidade preserva muitas relíquias características da sua cultura marítima.

A área de Gulou no Distrito de Haishu é um dos núcleos comerciais mais prósperos da cidade. Tem um cinturão verde no lado leste – o Parque de Ruínas de Yongfengku, particularmente atraente em comparação com os altos edifícios em volta. No parque, é possível sentir a profundidade da história. Há uma recriação das ruínas, seguindo as proporções originais, com pontes, muros, poços e um canal, por onde as pessoas podem passear. Após as dinastias Song, Yuan e Ming, grandes ruínas com um layout claro têm sido preservadas integralmente. Um grande número de cerâmicas comerciais foi desenterrado aqui, reunindo obras de fornos famosos de diferentes regiões do norte e do sul da China, das dinastias Song e Yuan, refletindo a verdade histórica do desenvolvimento e da prosperidade da Rota da Seda Marítima na época.

Entre as relíquias culturais de Ningbo há também canoas, remos de madeira e maquetes de barcos em cerâmica, desenterrados do Sítio Hemudu, além de artigos importados da dinastia Han, cerâmica para comerciar do antigo sítio de Shanglinhu e do sítio de defesa do litoral em Zhenhai. Várias das ruínas refletem muitos aspectos da sociedade toda, remetendo à política e diplomacia, economia e comércio, tráfego portuário e trajes folclóricos.

O dinâmico Grupo de Negócios de Ningbo

Ao contrário do caráter agrário no centro da China, baseado na agricultura mais do que no comércio, os negócios marítimos em Ningbo permitiram ao seu povo formar uma cultura regional que promove simultaneamente a agricultura e o comércio. A Escola do Leste de Zhejiang forneceu apoio ideológico para o desenvolvimento de uma economia de commodities em Ningbo.

Sem ser sectária, a Escola do Leste de Zhejiang é compatível e inovadora. Ela defende que a pesquisa acadêmica deve servir à sociedade e tem grande influência nos estudos acadêmicos chineses modernos e também nos centros de estudos do exterior (especialmente no Japão e no Sudeste Asiático). Suas concepções ideológicas estão alinhadas com a tendência de desenvolvimento da economia de commodities e da sociedade de Ningbo. Também enfatizam a personalidade, a individualidade, a capacidade, a utilidade e os conceitos práticos, e são a principal característica do espírito humanista de Zhejiang. Uma economia de commodities desenvolvida, utilitária e uma tradição pragmática, combinadas com o comércio oceânico, fizeram com que Ningbo fosse moldada como uma terra comercial desenvolvida, e fizeram dela a vanguarda onde homens de negócios chineses pudessem se tornar globais, desde os tempos modernos.

A Confraria de Ningbo é um dos grupos de negócios mais influentes da moderna história chinesa. Já no final da dinastia Ming, os mercadores de Ningbo controlavam os setores de medicina tradicional chinesa, vestuário e o setor bancário em Pequim. Desde os tempos modernos, assumiram a liderança no conhecimento da moderna civilização industrial Ocidental e promoveram o desenvolvimento do comércio e da indústria da China. Homens de negócios de Ningbo fundaram o primeiro banco chinês no sentido moderno, a primeira companhia marítima com financiamento chinês, e a primeira fábrica de maquinário de propriedade de chineses. Há homens de negócios de Ningbo espalhados pelo mundo, muitos deles magnatas dos negócios em escala mundial.

A razão importante pela qual a Confraria de Ningbo tem perdurado é que formou uma cultura única e influente no difícil processo empresarial. Baseada na tradição confuciana de “integridade e honestidade”, essa cultura também faz parte da cultura marítima local de Ningbo, pioneira e inovadora, compatível e inclusiva. Por exemplo, a família Yue, de Ningbo, que fundou a farmácia Tongrentang e, 1669, ainda adota o antigo código segundo o qual “embora a preparação do medicamento seja complicada, ninguém ousa poupar trabalho; embora o medicamento seja caro, ninguém ousa reduzir o material”. Esta autodisciplina garante que não se cometam erros. A marca, respeitada por sua antiguidade, tornou-se uma das representantes da Confraria de Ningbo. A gestão de negócios exige sinceridade como base e ganha lucros com a honestidade, algo que tem sido adotado por negociantes de Ningbo há muito tempo; ainda hoje, a Confraria de Ningbo no exterior segue esse padrão.

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