O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, falou sobre a importância das relações Brasil-China e prometeu reforçar os laços bilaterais entre os dois países durante uma entrevista coletiva realizada na última segunda-feira (15). “Ninguém, hoje, pode prescindir de negociar com a China. São quase 1,4 bilhão de habitantes. Costumo dizer que, se 700 milhões deles consumirem US$ 10 por dia, é um mercado do tamanho da União Europeia e Mercosul. Ninguém pode fugir de comerciar com a China”, ressaltou.
Sobre a contribuição brasileira para essa parceria, Mourão lembrou que o governo chinês “tem que garantir a alimentação e o trabalho para cada um dos habitantes” e que “nós podemos auxiliar nessa questão da segurança alimentar da China”.
Quando foi perguntado sobre sua recente viagem na China, ele disse que sua tarefa, além de reativar a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), ele tinha como objetivo entregar uma mensagem política do governo do presidente Jair Bolsonaro “de forma a inibir possíveis dúvidas que possam ter ocorrido durante a campanha eleitoral”, em uma alusão a declarações do então candidato Bolsonaro contrárias ao alto volume de comércio com o país asiático.
“Nós não podemos, em nenhum momento, desprezar e sair fora dessa relação com a China, que é nosso maior fluxo comercial. No ano passado, esse fluxo foi de US$ 100 bilhões”, enfatizou o general. “Então, obviamente nós estamos trabalhando direto com os chineses. Eles estão aqui dentro do Brasil buscando participar das licitações e concessões que vão ocorrer nos projetos ligados ao PPI (Programa de Parceria em Investimentos) e outros projetos da área de infraestrutura”.
Sobre a questão da Huawei, Mourão assegurou que não há nenhum bloqueio à atuação da empresa chinesa. “A Huawei está no Brasil há dez anos e trabalha direto com nossa universidade da região de Santa Rita do Sapucaí, que eu chamo de nosso vale do silício”. Ele ainda lembrou que “o próprio Estados Unidos fez agora uma revisão sobre a situação da Huawei”.
Questionado sobre como Brasil e China podem atuar para fortalecer o multilateralismo e aproveitar organismos existentes, como o BRICS, para ajudar a construir uma nova ordem mundial, o vice-presidente disse que é necessário “muita conversa e muita negociação” para que cada país possa preservar seus ganhos.
“Nós temos que saber lidar com esse mundo diferente, distinto e sempre com aquelas duas palavrinhas chaves na relação entre dois países: benefícios mútuos. Sempre buscar uma relação em que haja ganho para os dois. Se só um ganha, não é bom pra ninguém”, destacou o general.
Sem Comentários ainda!