Por Xia Yuanyuan
Liu Zhongyuan, técnico da Fazenda Pecuária Ruichen Wanniu na cidade de Jungar Zhao, na Bandeira (distrito) de Jungar, Região Autônoma da Mongólia Interior, tem estado muito ocupado no trabalho. Ao contrário das fazendas pecuárias convencionais, a Ruichen Wanniu adotou um novo modelo de desenvolvimento agropecuário que integra a produção de gado com a geração de energia fotovoltaica, por meio de painéis de energia solar instalados nos telhados de estábulos e outros locais.
O novo modelo faz parte da surpreendente transformação pela qual passou esta área de mineração tradicional. A Bandeira de Jungar tem reservas de carvão de 54,4 bilhões de toneladas, com 80% de sua massa terrestre contendo carvão. O setor de mineração local deu grandes passos em transformação verde – afastando-se da extração tradicional de carvão em direção ao desenvolvimento verde de minas de carvão, com oito das 60 minas de carvão na área designadas como minas de carvão verde em nível nacional.
Fazendas pecuárias fotovoltaicas – Jungar Zhao é uma das principais áreas de mineração da Bandeira de Jungar. Segundo Wu Yun, presidente da Assembleia Popular de Jungar Zhao, a mineração de carvão teve efeito devastador no meio ambiente local, pois a ganga e os detritos de carvão espalhavam-se por toda parte.
Graças aos esforços de restauração ecológica que se estenderam por vários anos, a paisagem sofreu uma mudança notável. Da plataforma de observação da mina verde Jungar Zhao, é possível ver uma grande extensão de terra coberta com 4 mil reluzentes painéis fotovoltaicos.
O governo local promove o novo modelo que integra pecuária e geração de energia fotovoltaica como parte dos esforços para recuperar a ecologia local. A Fazenda Pecuária Ruichen Wanniu é um dos principais projetos deste modelo. A fazenda é um coletivo composto por oito aldeias administrativas e uma comunidade residencial.
He Xing, diretor da fazenda, disse que foram instalados cerca de 30 mil m² de painéis fotovoltaicos em diversas estruturas da fazenda, como nos telhados de galpões de fertilizantes orgânicos, estábulos e áreas de criação de bezerros. Essa configuração garante uma geração estável de energia durante pelo menos 15 anos, reduzindo as emissões de carbono, diminuindo o custo da criação de gado e aumentando a receita.
Ao calcular os benefícios, Liu observou: “Em comparação com as coberturas convencionais, os telhados de painéis fotovoltaicos promovem isolamento contra o frio no inverno e contra o calor no verão”. A fazenda gera mais de 30 milhões de quilowatts-hora de eletricidade verde por ano, grande parte da qual é utilizada em operações de mineração de carvão, resultando numa economia de custos anual de mais de 10 milhões de yuans (US$ 1,39 milhão) e contribuindo para a transformação verde de baixo carbono das minas de carvão da região.
Embora a energia verde seja gerada pelos painéis fotovoltaicos, a receita é gerada também pelos estábulos de gado localizados abaixo dos painéis. Com uma capacidade projetada de 2,5 mil cabeças de gado, a primeira fase do projeto Wanniu deu novo propósito às terras recuperadas das minas. Hoje, todos os galpões passaram a ter uso, e no ano passado o lucro foi superior a 10 milhões de yuans (US$ 1,39 milhão).
“Nosso próximo estágio de desenvolvimento envolve a criação de 20 mil cabras leiteiras e 50 mil galinhas. Com esse novo modelo, nossa meta é alcançar a prosperidade comum”, disse He. Estima-se que os projetos fotovoltaicos em Jungar Zhao permitirão às empresas de mineração de carvão uma economia de custos anual de cerca de 20 milhões de yuans (US$ 2,78 milhões).

Colheita de frutas da mina – Xiao Cunhai, um nativo de 45 anos da aldeia de Sanbaoyao em Jungar Zhao, está entre os aldeões que tradicionalmente dependiam da mineração de carvão para sua subsistência. Ele nunca imaginou que aldeões como ele teriam a oportunidade de obter uma renda anual de cerca 150 mil yuans (US$ 20.845) como técnico profissional num projeto de agricultura ecológica.
Graças ao projecto de desenvolvimento verde implementado na Mina de Carvão Dafanpu, localizada perto da aldeia de Xiao, ele testemunhou uma série de mudanças notáveis, como melhores condições ambientais, montanhas mais verdes e uma abundância de flores e frutos.
A Dafanpu Coal Mine, afiliada à Kinetic Mines and Energy Corp. na Bandeira de Jungar, iniciou operação em 2012 e produz 6,5 milhões de toneladas
de carvão anuais. Nos últimos anos, a fim de desenvolver uma estratégia de recuperação adequada à região e alcançar metas de desenvolvimento verde, foram feitos esforços para integrar a recuperação de áreas de mineração ao desenvolvimento de uma agricultura moderna.
Em 2018, a Kinetic Mines and Energy Corp. criou uma empresa agrícola para desenvolver a agricultura ecológica e restaurar a ecologia da área de mineração por meio do plantio de videiras, macieiras e cultivo de vegetais. Xi Ming, vice-gerente geral executivo da empresa, afirmou: “O objetivo do desenvolvimento de projetos de agricultura ecológica em áreas de mineração baixas é estabelecer uma indústria verde sustentável para as futuras gerações e as comunidades locais”.
A empresa agrícola implantou 33 ha de vinha, 40 ha de pomares e 6,67 ha de área de cultivo de hortaliças ao ar livre e em estufas, na área recuperada. Também foi criada uma vinícola que tem produção anual de 200 ton. Em 2021 foram produzidos os primeiros lotes de vinho tinto seco e branco seco. Mais do que perseguir uma abordagem singular ao desenvolvimento verde, a transformação da área recuperada foi conseguida por meio de agricultura ecológica, o que oferece benefícios não só ecológicos, como econômicos e sociais.
Xi disse que à medida que mais terras forem cedidas às atividades de mineração, a área de cultivo de maçãs aumentará para 67 ha até 2025. A em-
presa pretende criar mais cooperativas de aldeias-empresas para impulsionar a prosperidade da região.
Atração turística – Localizada no coração da Mongólia Interior, a Bandeira de Jungar tornou-se um destino turístico popular, apesar da sua infraestrutura de transporte relativamente pouco desenvolvida. Todo ano, as famosas minas de carvão desta área atraem mais de 100 mil visitantes.
No local de turismo industrial de Zhunneng, na cidade de Xuejiawan, na Bandeira de Jungar, os turistas podem mergulhar em uma ampla variedade de experiências. Podem ver a extração das primeiras minas de carvão a céu aberto em uma projeção em salas 3D e por meio de realidade virtual. Além disso, experimentam a agricultura moderna nos grandes pomares e desfrutam da coexistência harmoniosa entre humanos e natureza no parque temático de diversidade ecológica, onde os locais de restaurantes e lojas foram instalados em imensos caminhões de mineração desativados e remodelados. O que antes eram poços de mineração sujos e empoeirados viraram atrações turísticas.
O Grupo Zhunneng possui duas minas a céu aberto de grande porte – Heidaigou e Haerwusu –, com uma capacidade projetada de produção anual total de 69 milhões de ton, o que as situa entre as melhores do país.
Desde 2012, o Grupo Zhunneng intensificou seus esforços na proteção ecológica e no desenvolvimento de recursos, com uma transição gradual da mineração de carvão para o turismo em mineração. Alavancando sua grande herança em mineração, a empresa investiu quase 2,8 bilhões de yuans (US$ 389 milhões) na reabilitação de terras cultivadas, plantações, paisagens e proteção da biodiversidade. Foi implementada uma gestão ecológica e criado um local de turismo industrial, integrando a proteção da herança industrial, a popularização da ciência do carvão, o lazer e o turismo. A restauração pelo Grupo Zhunneng das suas áreas de mineração foi apresentada como um estudo de caso no Relatório da Nova Economia da Natureza de 2022 do Fórum Econômico Mundial, e constitui uma experiência escalável para a transformação verde e o desenvolvimento de minas.
“As áreas de mineração já não são o que costumavam ser. A recuperação da terra e da vegetação pôs fim ao ar empoeirado causado pelas grandes áreas de solo exposto dos lixões da mineração”, disse Wei Bowei, diretor do Departamento de Proteção Ambiental do Grupo Zhunneng. “O desenvolvimento sustentável da indústria do carvão reside e depende do ‘verde ecológico’ e não do ‘negro do carvão’.”
Este texto foi publicado originalmente na revista China Hoje. Clique aqui, inscreva-se na nossa comunidade, receba gratuitamente uma assinatura digital e tenha acesso ao conteúdo completo.
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