Uma investigação feita com pacientes testados para arboviroses – doenças virais transmitidas por insetos e aracnídeos – encontrou anticorpos do Sars-CoV-2 em uma pessoa com suspeita de dengue em dezembro de 2019 no Espírito Santo, antes de a China anunciar o primeiro caso de Covid-19. No Brasil, a contaminação foi detectada oficialmente em 26 de fevereiro de 2020. As informações são do jornal O Globo.
A pesquisa “Casos ocultos de Síndrome Respiratória Aguda Grave Coronavírus 2: um obscuro mas presente perigo em regiões endêmicas para vírus da Dengue e Chikungunya” foi feita em conjunto pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Espírito Santo (Lacen), Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo e do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (Portugal).
O objetivo dos cientistas era descobrir se poderia haver presença do Sars-CoV-2 ao mesmo tempo que os vírus da dengue e da chicungunha em regiões endêmicas do estado, já que alguns sintomas das infecções são parecidos, como febre, dores de cabeça e no corpo.
O estudo foi feito verificando a presença de um anticorpo específico para a nucleoproteína do novo coronavírus nos pacientes com suspeitas das arboviroses. Os pesquisadores reuniram 7.370 amostras entre dezembro de 2019 e junho de 2020 e encontraram anticorpos para o Sars-CoV-2 em 210 pessoas, 2,85%. Isso indica que casos de Covid-19 podem ter acontecido junto com dengue, por exemplo, ou ter sido confundidos.
Ao jornal O Globo, o diretor geral do Lacen-ES, Rodrigo Ribeiro Rodrigues, disse que o coronavírus pode ter passado despercebido algumas vezes. “Se o clínico não estiver atento, ignorando que a febre e dores podem ser sintomas de Covid-19, ele pode diagnosticar arbovirose e não isolar o paciente. Isso foi uma realidade no auge da pandemia”, afirmou.
Foram encontrados 16 casos que sugerem a presença do vírus no Espírito Santo antes do primeiro caso oficial no Brasil. Um deles corresponde a 18 de dezembro de 2019.
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