“O conceito de harmonia entre o homem e a natureza encontrou expressão vívida ao longo do rio Yangtzé, um dos berços da civilização chinesa, que permanece vibrante até hoje”, afirmou Rafael Henrique Zerbetto, jovem pesquisador brasileiro do Grupo de Comunicações Internacionais da China (CICG), em uma entrevista à Xinhua.
Zerbetto fez essas observações durante o programa de intercâmbio Diálogo de Jovens Lideranças Globais, que reuniu 14 jovens de 12 países, incluindo o Brasil, para uma imersão nas cidades de Jingzhou e Wuhan, na Província de Hubei, coração da bacia do rio Yangtzé.
Ao comparar as trajetórias das civilizações fluviais, Zerbetto destacou um contraste essencial: “Enquanto o rio Yangtzé testemunhou uma continuidade cultural de milênios, sustentada por um comércio voltado às necessidades internas, a bacia amazônica sofreu uma ruptura com a colonização, que reorientou sua economia para atender demandas externas”.
Ele enfatizou que a capacidade da China de preservar sua identidade, mesmo em períodos desafiadores, permitiu que o rio Yangtzé se mantivesse como um eixo de unidade nacional e progresso. “O rio Yangtzé favoreceu o comércio entre as diferentes cidades que surgiram às suas margens, trazendo progresso e contribuindo para forjar o espírito de coesão da nação chinesa”, observou.
Um dos momentos de maior reflexão para Zerbetto foi conhecer os detalhados esforços de proteção do boto do rio Yangtzé, espécie emblemática que esteve à beira da extinção e hoje apresenta sinais de recuperação graças a medidas rigorosas.
“Os botos da Amazônia também são ameaçados de extinção, mas vítimas da caça ilegal e da contaminação dos rios pelo garimpo, enquanto a pobreza e a baixa escolaridade das populações ribeirinhas acabam agravando o problema”, disse ele, acrescentando que a abordagem integrada adotada na China é notável, incluindo legislação rigorosa, monitoramento tecnológico constante, programas de educação ambiental que envolvem as comunidades locais e alternativas econômicas sustentáveis.
Ele analisou que a lição para a Amazônia é clara. “A lição que o Brasil pode tirar disso é que a preservação ambiental precisa avançar de mãos dadas com o desenvolvimento econômico, pois o povo precisa de educação ambiental para entender a importância de se conservar o meio ambiente e precisa ter oportunidades profissionais que lhe permitam viver em harmonia com a natureza”, disse ele.
Além da conservação ecológica e das paisagens naturais, ele também explorou o patrimônio cultural ao visitar o Museu de Jingzhou, onde se preservam relíquias da antiga cultura Chu, florescida às margens do Yangtzé. “Os utensílios e peças cerimoniais em laca da cultura Chu têm semelhanças com a cerâmica dos povos indígenas brasileiros”, revelou ele.
Para ele, assim como o rio Yangtzé moldou a cultura Chu, os grandes rios do mundo sempre foram berços de civilizações. “Ao longo da história, os rios interligaram assentamentos humanos, promovendo intercâmbios e progresso mútuo”, observou.
“A experiência no rio Yangtzé revela um caminho onde o desenvolvimento e a preservação não são antagonistas, mas aliados indispensáveis para construir um futuro verdadeiramente próspero”, disse ele.
Fonte: Xinhua

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