Cenário do Mercado Audiovisual entre Brasil e China

A aproximação entre os dois países vem ultrapassando as fronteiras dos setores tradicionais, como commodities e infraestrutura, e se aprofundando em setores como o audiovisual

A presença e as iniciativas chinesas de aproximação com o Brasil são cada vez mais frequentes e começam a extrapolar os tradicionais setores de commodities, infraestrutura e alimentos. No setor do audiovisual, por exemplo, dois eventos recentes mostram a disposição chinesa de cooperar e ocupar espaços no mercado brasileiro: o estande da China no Rio2C, o maior evento de inovação e criatividade da América Latina, realizado na cidade do Rio de Janeiro em maio último e a visita ao Brasil de uma missão composta pelas 15 maiores empresas chinesas de entretenimento, distribuição e produção de conteúdo, no final de julho passado.

O estande da China foi um dos mais destacados no Rio2C. De tecnologia à produtoras de conteúdo a China esteve representada por executivos de empresas do setor, como a DJI, fabricante de drones e câmeras, a Tencent Pictures, produtora e distribuidora de filmes, ou a Mango TV (MGTV), produtora de séries de TV e programas de entretenimento que assinou um acordo de aquisição, troca de conteúdo e coprodução com a brasileira Visom Digital, durante o evento.

No âmbito governamental a delegação chinesa presente à Rio 2C foi composta pelo Subsecretário Geral do Governo Popular da Província de Fujian, Li Qiang e por Zhou Jihong, Diretora Geral Adjunta do Departamento de Cooperação Internacional, NRTA – Administração Nacional De Rádio e Televisão.

A NRTA é uma agência executiva de nível ministerial, diretamente subordinada ao Conselho Estadual da República Popular da China, que visa administrar e supervisionar a indústria de televisão e rádio e é responsável pela gestão e pelas diretrizes internacionais.

Um dos painéis mais concorridos do evento foi a apresentação do estudo “Mercado Audiovisual Chinês’’, contratado junto à consultoria global Euromonitor em 2018 pela Apex Brasil, com a presença do coordenador da Gerência de Estratégia de Mercado na Apex, Igor Celeste, e de Ling Ding, especialista em distribuição e inovação das mídias digitais, que traçou um panorama sobre as formas de importação de conteúdo audiovisual infantil pela China, tanto no formato de coprodução quanto de licenciamento, com apresentação dos principais players do país. Ding explorou na sua apresentação a relação entre conteúdo, tecnologia, mídia e comportamento humano e de que maneira é possível envolver o conteúdo infantil para as famílias chinesas.

Passado um mês da Rio2C, os chineses voltaram a despertar a atenção do setor ao desembarcar com uma delegação composta pelas quinze maiores empresas de entretenimento, distribuição e produção de conteúdo, com apoio e participação da BRAVI – Brasil Audiovisual Independente, a associação brasileira do setor.

Deste encontro resultou a assinatura de um memorando de entendimento, com intenção de colaboração mútua para aproximação entre os mercados brasileiro e chinês entre a BRAVI e a Capital Radio & TV Program Producers Association, representada pelo presidente Liu Yanming.

Ambos os países destacaram a importância e o interesse na aproximação entre os mercados do Brasil e da China, com vistas ao impulsionamento de cooperação econômica e comercial, além do aprofundamento do intercâmbio interpessoal. Houve ainda aproximação e a manifestação de intenções de cooperação entre as empresas chinesas e o governo do Rio de Janeiro através da Rio Filme O evento contou com a participação de mais de 90 profissionais do segmento audiovisual, entre produtores independentes, distribuidores e agentes do setor do Brasil e na China.

No âmbito do audiovisual e neste cenário das iniciativas e aproximações sino-brasileiras será realizado em setembro o 4 BRICS Film Festival, em Niterói e, no início de 2020,  um missão brasileira organizada pela BRAVI irá à China.

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