A 11ª Cúpula dos Brics (bloco que agrupa Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está acontecendo nesta semana, na cidade de Brasília, e reuniu os presidentes dos seus países-membros. O evento ressalta a importância e a resiliência do Brics, especialmente neste momento em que o mundo discute questões que giram por vezes em torno do multilateralismo, e por outras em torno do protecionismo.
Os especialistas Evandro Menezes de Carvalho (professor da FGV-Rio e editor da China Hoje) e Oliver Stuenkel (professor da FGV-SP) compartilham a ideia de que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) é uma instituição que atesta o trabalho prático e conjunto dos países-membros.
“O grupo Brics tomou uma dimensão institucional de relações entre países do Sul Global. Não só oferece uma plataforma para institucionalizar tais relações, como estabelece laços entre governos onde não havia interlocução”, afirma Stuenkel. Para ele, os Brics permitiram que não só presidentes e chanceleres, mas também ministros da economia, educação e outros, pudessem dialogar regularmente sobre desafios internos e sobre como fortalecer laços.
“O grande avanço certamente é o NBD, mas o fato de o grupo se manter coeso mesmo com mudanças de governo, como na Índia e no Brasil, mostra quão forte ele é. Se transformou em consenso no Brasil”, explica Stuenkel.
Para Carvalho, a continuidade do Brics e o início da segunda década de existência do bloco indicam a relevância do mecanismo para os cinco países que dele fazem parte, mesmo diante de obstáculos internos ou derivados da atual conjuntura internacional de crise econômica e diplomática.
“O ceticismo que os países ocidentais tinham em relação ao Brics dá lugar a uma dúvida, com certa contrariedade, de que o Brics veio para ficar. A criação do NDB e seus desdobramentos com a criação dos Centros Regionais da África e para as Américas evidenciam que a plataforma informal do Brics foi capaz de criar uma organização internacional e, no caso, um banco. Então estes dois fatos, a continuidade e o NDB, mostram que o Brics pode ser um vetor importante de transformação da ordem internacional de modo a admitir maior participação de países não-ocidentais, esclarece Carvalho.
Em relação à Cúpula deste ano, Carvalho acredita no destaque do comércio intra-Brics, uma vez que o setor tem peso significativo. “É preciso estimular que os outros países ampliem as relações comerciais entre eles. Além disso, o intercâmbio entre pessoas segue a mesma tendência e precisa ter um estímulo para que haja maior interação entre os países do Brics. Por fim, no campo da mídia ainda há muito por fazer. A cooperação neste setor é fundamental para que novas visões de mundo possam emergir a partir das notícias sobre as sociedades dos países Brics”, indica Carvalho.
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