Iniciativa Cinturão e Rota traz oportunidades para América Latina

Especialistas falam sobre as relações entre a China e os países da América Latina, entre eles o Brasil, e como a iniciativa tem sido benéfica para esses países

 

O Segundo Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional foi aberto na última sexta-feira (26), tendo atraído líderes de Estado de quase 40 países e mais de 5 mil participantes estrangeiros de mais de 150 países e 90 organizações internacionais. A Iniciativa Cinturão e Rota, que inicialmente foi proposta por Xi Jinping em 2013, vem sendo ampliada para os cinco continentes, e dessa forma, traz diversas oportunidades para a América Latina.

Evandro Carvalho, professor da FGV Rio e coordenador do centro de estudos Brasil-China, afirmou em entrevista à Xinhua que, em sua opinião, o Cinturão e Rota é a primeira grande iniciativa positiva do século XXI. “A proposta do Cinturão e Rota oferece uma nova oportunidade de desenvolvimento para outras regiões incluindo a América Latina”.

Mesmo com uma separação geográfica distante, ao ver de Carvalho, não é absurdo falar sobre o Cinturão e Rota para a América Latina uma vez que a China já é o primeiro ou segundo maior parceiro comercial de muitos países da região. Essa realidade tem incluído, na prática, a região latino-americana dentro do projeto do Cinturão e Rota.

De acordo com dados do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América Latina, subordinado à Academia Chinesa de Ciências Sociais, o volume comercial bilateral entre a China e o Brasil totalizou US$ 111,18 bilhões em 2018. As estatísticas oficiais do Brasil, por sua vez, indicam que entre 2003 e 2018, o investimento chinês no Brasil chegou a cerca de US$ 69,2 bilhões.

“Os maiores desafios econômicos dos tempos atuais são a eliminação da pobreza, a redução nos níveis de desigualdade de renda e a promoção do crescimento sustentável e sustentado”, indicou Jorge Arbache, vice-presidente do setor privado do Banco de Desenvolvimento da América Latina-CAF, em seu discurso feito num evento temático paralelo ao fórum. “Esses desafios exigem esforços conjuntos e coordenados entre países, e claro, não é uma tarefa fácil. O Cinturão e Rota pode ser considerado como uma iniciativa importante nessa direção’.

Segundo ele, a Iniciativa Cinturão e Rota cria novas oportunidades na área de investimento em infraestrutura e na importação e exportação para muitos países. Ambos criam mais e melhores oportunidades para o crescimento econômico, isso contribui com o alívio da pobreza.

Atualmente, a China é o maior parceiro comercial, o maior destino de exportação e a maior origem de importação do Brasil. As exportações brasileiras para a China correspondem a 27,9% do total, e 19,6% do total das importações do país vêm da China. “A iniciativa chinesa se foca em infraestrutura, na integração financeira, e através dessas construções reais no mar, na terra, ferrovias, estradas, tecnologia de comunicação, por exemplo, você favorece a integração dos povos, e eles se beneficiam de verdade”, afirmou Carvalho.

“Muitos projetos de infraestrutura em planejamento pelo governo brasileiro estão orientados para a exportação do agronegócio, que é muito importante para economia brasileira. Isso combina muito bem com o Cinturão e Rota. O investimento em infraestrutura ajudará a exportação dos produtos agrícolas brasileiros e promoverá o crescimento econômico local. Ao mesmo tempo, a melhora em infraestrutura também reduzirá o custo de transação para o comércio externo do Brasil. Será certamente favorável para ambos os lados no longo prazo”, disse Hsia Hua Sheng, professor da FGV EAESP.

Segundo Hsia, o Cinturão e Rota não somente beneficiará a América Latina, mas também facilitará o intercâmbio e o desenvolvimento através do mundo. “Mas se a iniciativa quiser durar por mais tempo, os outros países precisam aumentar seus próprios investimentos, em vez de depender de fundos chineses”, acrescentou ele. “A iniciativa deve contar com a colaboração de todos os países participantes para promover de forma sustentável o projeto do Cinturão e Rota”.


Fonte: Xinhua

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