Brasileiros são destaque em conferência internacional com artigo sobre combate à Covid-19 na China

Evento foi organizado pela Sociedade de Relações Públicas da Ásia-Pacífico

Por Lucas Almeida

Pesquisadores brasileiros ganharam o título de “Melhor Paper entre Profissionais” na Conferência Internacional sobre Organização Pública (ICONPO) de 2021, organizada pela Sociedade de Relações Públicas da Ásia-Pacífico, com o artigo “O Estado Chinês no Combate à Covid-19: Gestão de Crise em Análise”.

O texto foi escrito por José Renato Peneluppi Jr., advogado, doutor em Administração Pública pela Huazonhg Universidade de Ciência e Tecnologia (HUST) e Olívia Bulla, jornalista e mestre em Ciência da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP).

A ICONPO reúne especialistas de diversas universidades da Ásia-Pacífico, incluindo instituições na Indonésia, Malásia, Tailândia, China, entre outros. Neste ano, o evento ocorreu de forma virtual e teve o tema “Governança Digital e Gestão de Crises após a Covid-19: Uma Chamada para Ação”, com a participação de acadêmicos e profissionais de diferentes áreas.

O artigo premiado analisa as ações tomadas pelo Estado chinês a partir de janeiro de 2020, com a crise de saúde pública na cidade de Wuhan. Com uma população de 1,44 bilhões, o país asiático representa cerca de 0,05% de casos confirmados e 0,12% das mortes causados por Covid-19 no mundo atualmente.

Em entrevista à revista China Hoje, Bulla afirma que o acompanhamento das ações chinesas se tornou um estudo de caso para “compreender o sistema político e o modelo econômico do país”.

“Para a China, a vida e a força de trabalho é o que sustenta a economia. Todas as ações no combate à pandemia foram dentro desse princípio comunista”, explica a jornalista, que ressalta que as medidas foram tomadas no mesmo ano em que o país conseguiu concluir a meta de eliminar a pobreza extrema. “No ocidente, a economia teve um peso muito forte, ficando acima do Estado, seguindo o modelo liberal.”

Olívia Bulla é jornalista e mestre em Ciência da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP)

Durante o texto, os pesquisadores identificaram ferramentas de tecnologia usadas pelo governo chinês na luta contra o novo coronavírus, como o uso de QR Codes e o sistema de crédito social.

Peneluppi Jr., que mora em Wuhan há onze anos, ainda ressalta o esforço do Partido Comunista da China (PCCh) para a formação de uma comunidade unida: “O povo chinês está acostumado a ler, escrever, acompanhar o que está acontecendo ao redor, através de vários instrumentos de organização. Quem batia de porta em porta para fazer contagens e ver o que a população estava precisando, foram as comunas de bairro, com os membros do PCCh. A gente não está habituado a isso no ocidente”, ele explica.

José Renato Peneluppi Jr. é advogado e doutor em Administração Pública pela Huazonhg Universidade de Ciência e Tecnologia

Para os autores do artigo, as práticas chinesas no combate à pandemia podem representar um modelo aplicável para outros países, através de quatro fases: testagem em massa, rastreamento, isolamento e tratamento.

“Não é questão de ser autoritário. O PCCh foi ganhando expertise no combate. Em casos mais recentes, não foi necessário fazer lockdown de cidades inteiras, mas bairros. E os isolamentos duraram apenas semanas, em vez de meses. Eles foram aprimorando”, defende Olívia Bulla.

José Renato Peneluppi Jr. ainda ressalta que a China acredita que só poderá vencer a Covid-19 se o mundo inteiro lutar contra o vírus. “Em um prédio, o seu vizinho não é só a pessoa que mora ao seu lado, é a pessoa que compartilha o mesmo ambiente, o mesmo ar. Se ela estiver seguindo medidas equivocadas, estará te comprometendo. O compromisso com a comunidade é essencial”, ele ressalta. “Existe uma frase chinesa que diz ‘o povo é simplesmente as montanhas e o rio’. Um país é o seu povo. Na China, eles estão seguindo isso.”

 

 

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